quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Eu te deixei ir


Eu te deixei ir por saber que ninguém é dono de ninguém, ninguém deve ficar onde não quer, ninguém tem o direito de acorrentar ninguém. Eu te deixei ir porque não me convém que alguém fique se não for por livre e espontânea vontade. Mas se eu disser que tua presença não me faz falta e que teu riso não me iluminava o dia, seria mentira.

Eu te deixei ir porque sempre convivi bem comigo mesma, porque sempre me soou tranquilo não precisar dar satisfações, porque seria muito decadente da minha parte implorar por atenção de uma companhia distante. Eu te deixei ir torcendo baixinho para que quisesse ficar.

Eu te deixei ir pra usar da minha diplomacia, pra ser sensata acima de ser emotiva, pra ser forte antes de ser sua, mesmo que eu seja sua antes de qualquer outra coisa. 

Eu te deixei ir pra caso um dia você se arrependa, eu sinta a maior alegria do mundo: a de te ver voltar.

Eu te deixei ir, por incrível que pareça, por amor. Eu te deixei ir porque meu pequeno e colorido universo já não comporta mais a tua vontade de conhecer o novo. Eu te deixei ir porque já não sou mais novidade pra você e pra ver se um dia, depois de conhecer tudo que conseguir, você pare pra avaliar sua vida e perceba que de todas as suas velhas conhecidas, eu ainda faço seu coração vibrar.

Eu te deixei ir pra que nada seja esquecido, pra que tudo seja atípico, pra que o laço fosse desfeito de forma bonita. Eu te deixei ir porque prefiro conviver com a saudade que com o desprezo. Eu te deixei ir pra que tudo isso se tornasse eterno. Eu te deixei ir pra se tornar poesia.

Rossely Rodrigues

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Ele mudou.



No começo do namoro é tudo muito perfeito, é cheio de descobertas, aventuras, cheio de bilhetinhos de Eu te amo, muito chocolate, ursinho, flores , mimos. Aquele namoro que você fala: Caramba encontrei meu Príncipe, mais com o passar do tempo as coisas mudam, cada mês de namoro o máximo que você recebe é feliz nosso mês, não saem não comemoram, não ganha um bombom, ou uma florzinha arrancada do quintal do vizinho, ou até mesmo vai dormir e esquece de te dar boa noite, é triste deixar o namoro chegar nesse nível , pq as vezes você acha que encontrou o amor da sua vida, mais aquele amor da sua vida já não se importa tanto com você igual ele se importava no começo do namoro, ele já não age como agia, já não dá tanto importância, talvez pela vida monótona , ou por uma completa rotina. Como salvar esse relacionamento que você tanto quer bem, muita das vezes você consegue dar um jeito ou vezes acaba sendo uma perda de tempo, e já está na hora de dizer que é o fim.

domingo, 22 de novembro de 2015

Fica bem menina



Vou te escrever uma carta, menina! Te aquieta pra ler.
Antes de começar, quero te dizer que essa carta é sobre o quão bonito é amar mas também, sobre o quanto doloroso é ter que pausar e tirar o filme na melhor parte, principalmente quando nos identificamos com os personagens, quando parece que rolou a química, a física e que todas as outras reações parecem justificar o que sentimos, quando o horóscopo parece torcer pra que tudo dê certo, quando todas as poesias boas do mundo e todo o mar de músicas parece seguir a barca da gente. Essa carta é sobre ser surpreendido e sobre evoluir sem se culpar, nem culpar o outro. 

É sobre você e principalmente, sobre abandonar uma pessoa antes de feri-la. É sobre as tantas sensações que sentimos e sobre os sorrisos tão bonitos que roubamos sem querer e que também nos roubaram um dia. É sobre ter acreditado até onde deu, mas precisamos dar adeus porque às vezes ir embora machuca menos do que ir até onde não deveríamos. Essa carta é sobre ter que partir pra não continuar e, talvez, desacreditar por alguma motivo, ou talvez por nada. É sobre aceitar o momento do outro e saber que as pessoas, podem escolher a qualquer momento não mais continuar com a gente, porque as pessoas são livres, sempre foram. A gente precisa se preparar pra isso, aceitar isso e o mais importante, não se prender a isso. Essa carta é sobre amar as melhores lembranças e ir embora antes que as piores cheguem.
É, moça. Cê já deve saber: amor não se acaba, se vai. A gente leva amor na bagagem e não pesa. Amor não necessariamente precisa ficar pra que a gente perceba que foi amor. Ele pode partir também, mas certeza, um pouco dele vai ficar. Ele pode tentar sumir da tua vida, mas até o escuro debaixo dos teus pés guardará um pouco. Amor fica na poltrona do cinema, em todos os bancos que vocês já sentaram, em todas as esquinas que pararam pra conversar, em todos as mesas de um bar e até no banheiro do restaurante que vocês comemoraram um mês de namoro. Depois tudo isso acalma, passa a não fazer aquele sentido tão forte quanto costumava ter. O amor não é essas tantas expectativas que depositamos e esquecemos de viver os momentos que tínhamos pra serem vividos. Amor é cuidar agora, comemorar agora, viver agora e nunca deixar pra depois.
Aceita menina, que o amor se vai como o teu se foi. E nunca, jamais, diz pra alguém que cê chora por não ter sido amor. Por favor, não se culpe e também não culpe ninguém. O amor aterriza na gente, mas pode voar. O amor chega, mas pode não ficar. Amor cumpre com todos os sonhos, realiza todos os desejos, executa todas as suas fases. Se ficou alguma coisa pra ser feita, isso não foi culpa dele. Amor é apenas um primeiro gole, o que já é suficiente pra envolver a gente em outros braços. Se amor é abraços e envolvimento, ele pode ser também, um tchau, um lamento por não poder ficar pro café da manhã.
Se não deu, abrimos os braços pra nós mesmos e paciência! Dói pra caramba, concordo. Mas olha só, menina. Agora é hora de ir. Cê chegou em sua estação e é hora de se reinventar e torcer pra que ele se reinvente também. Vai e leve contigo células do músculo estriado cardíaco. Leva mesmo com as contrações involutórias e que ele sempre te bombeie felicidade e sorrisos, mesmo que não sejam mais pra ele. Que você não perca o brilho dos seus olhos que, certeza, ela tanto enxergou enquanto estava do teu lado. Que seus dias não se cruzem com os dele, mas se cruzar… Não desmonta, por favor! Pensa no trabalho que deu pra se montar toda. Pensa em cada bloquinho que agora faz parte de você, que você precisou reconstruir quando ele se foi. Pensa em cada pedaço que serviu pra você encontrar o sentido de viver e ser a própria vida e o quanto cê demorou pra se inteirar. Cê tá inteira, só não tá bem. E se algum dia cê lembrar daquele moço, aquele que leu as tuas contra-indicações e até gostou, mas não levou pra casa. Lembra dele com sorriso no rosto e bochechas boas pra se apertar. Lembra, mas com o peito cheio e farto de razões pra dizer: ''Você foi amor, mas escolheu não ficar mesmo com o espaço que te dei''. Lembra do sorriso maroto que ele tinha e ele lembrará de todas as vezes que te empurrou com o ombro e sorriu pra você como se te dissesse em silêncio: caralho, não acredito que te tenho. Lembra que ele torceu pra você, se isso foi sincero, não sei bem te dizer. Mas fica bem, menina, e agradece porque você consegue ser inteiramente feliz nesse mundo, com ou sem ele.


IANDÊ ALBUQUERQUE

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Não espera ela ir embora



Não espera ela ir embora pra dizer que ela é especial. Conta que você gosta do jeito que ela passa os dedos em sua mão quando está distraída, e que brinca em silêncio de adivinhar as músicas que ela sussurra baixinho quando esquece que você está por perto. Confessa que você pouco se importa com os deuses do Olimpo e seus superpoderes, mas fica paralisado toda vez que ela assume aquele ar autoritário pra falar sobre mitologia grega. Deixa esse medo bobo e conta logo que você quer apresentá-la à sua família. Avisa que ela vai adorar o tio Cássio, ter que folhear álbuns de fotografia com sua mãe e forçar uma simpatia com gatos pra conquistar a irmã caçula. Não espera ela ir embora pra dizer o quanto ela é bonita. Sabe aquelas noites em que ela usa um vestido justo e pinta os lábios de vermelho? Esse é o momento ideal. Ainda que você fique encantado mesmo quando ela está com o cabelo preso e um blusão de propaganda, soltando algum palavrão enquanto checa o e-mail. É que ela nunca vai admitir, mas aquela arrumação toda foi só pra você. E – acredite – ela faz questão de cuidar de inúmeros minúsculos detalhes, mesmo sabendo que dificilmente você irá percebê-los. Ela nem vai reparar nos olhares de cobiça dos outros rapazes ao sair de casa. É que quando ela está de mãos dadas contigo, todo o resto perde o interesse (e quando não está, dizem que ela passa o tempo todo desejando a sua presença). Basta um olhar um pouco demorado pra qualquer um adivinhar que ela é sua. Não espera ela ir pra enxergar também.

Não espera ela ir embora pra perceber que ela precisa de cuidados. É que essa máscara de mulher de ferro é apenas um esconderijo bem forjado para guardar um coração bobo de menina. E ele vai se apaixonar novamente toda vez que receber uma ligação inesperada, uma surpresa sem rastos, um beijo sem aviso. Ela vai lembrar as declarações mais bonitas que já ouviu, mas também não vai esquecer aquilo que magoou. Aprende a respirar fundo e lapidar as palavras antes de dizê-las. Mesmo nos desentendimentos, você não vai querer arrancar-lhe uma lágrima por conta dessa insensibilidade. Porque quando isso acontecer, ela vai achar que você é mais um igual a todos os outros.

Não deixa ela ir embora, porque ela é dessas que quando decide partir, não olha pra trás. Não vai adiantar mandar flores ou cartas, fazer promessas ou loucuras, falar sobre amor e mudanças. Ela sabe que não é fácil, mas já conhece o caminho de cor.

Não deixa ela ir embora pra conhecer o vazio que a vida fica sem ela. Você sabe que lá fora há muitas outras bem parecidas. Algumas até mais atraentes, talvez. Mas sabe também que nenhuma outra pele tem o toque dela, e é em seus lábios que você sente o sabor doce de estar em casa. Você bem sabe que poderia esquecer tudo isso por uma noite e se aventurar nos braços de outra qualquer. Seria bom, com certeza. Mas no outro dia você não iria despertar com súplicas infantis de quem acordou muito cedo e está entediada esperando você abrir os olhos, para iniciar as brincadeiras tolas por debaixo do cobertor que fazem o dia começar com as gargalhadas mais altas de todo o bairro. Não haveria vontade de ficar abraçado durante o resto do dia. Nem de criar um laço que nunca desatasse em despedida.

Então, não espera ela ir embora pra finalmente dizer que quer vê-la ficar. E que aquela cerveja na geladeira é apenas mais um motivo pra convencê-la. E que acha sexy vê-la andando pela casa vestida apenas com a camisa do seu time, mesmo sabendo que ela não entende nada de futebol. Diz a ela que pode usar as suas meias e o espaço vazio na prateleira do banheiro. E que não se incomoda com o seu desinteresse em assistir a documentários sobre ciência moderna, pois ela fica muito bem dividindo a outra poltrona com um imenso volume de ficção estrangeira. Antes de subirem os créditos, pega ela desprevenida com um abraço. Coloca no lugar os seus óculos, que a essa altura já devem ter deslizado para a ponta do nariz. E antes que ela volte a falar sobre Hermes e Dionísio, pergunta se em algum lugar daquele livro já contaram a história de que esse personagem chamado amor costuma aparecer tão poucas vezes nas tramas da vida. E faz ela ler em teus olhos que amor não deixa ir embora. Amor abraça e sempre pede um pouco mais, porque conhece a diferença que cabe em cada minuto. Amor faz valer a pena todo risco e resto. Amor cuida e cede. Amor pede. Amor fica.

Sâmia Louise

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O amor mora nos detalhes


Não sei quanto a outros sentimentos, mas, falando de amor, não penso duas vezes antes de afirmar que, sim, ele se encontra nos detalhes. O amor está na tranquilidade que, muitas vezes, o outro nos traz apenas de fazer-se ali, presente, mesmo que em um cômodo distinto da casa. Nem sempre é questão de cheiro e toque; ele está também no impalpável, na cumplicidade invisível de um sentimento que não demanda excesso de palavras. Amar é também encontrar serenidade nos espaços e silêncios, é não precisar de provas diárias para lembrar-se de que se é totalmente idolatrado e aceito, mas carregar a paz e a certeza de uma entrega mútua que não permite dúvidas, pois é sentida em todos os lugares.

O amor está na telepatia, no conhecer o outro tão bem a ponto de antecipar suas palavras e pensamentos e, mesmo assim, sempre surpreender-se com a magia que é conectar-se tão profundamente com alguém a ponto de pronunciar frases sincronizadas, de ouvir o outro falar alguma coisa e pensar “nossa, eu ia falar exatamente a mesma coisa”.

O amor está na falta, na saudade absurda que sentimos do sorriso torto, da textura de sua camiseta favorita, do cheiro do pescoço e do cabelo bagunçado do outro. É esquecer-se propositalmente de todas essas coisas só para se apaixonar novamente por elas no reencontro. O amor é reencontro. É uma constante mistura dolorida e gostosa de uma saudade daquilo que, muitas vezes, ainda nem aconteceu.

O amor está, também, não necessariamente no concordar, afinal, e, felizmente, sempre haverá discordâncias e opiniões divergentes. Um será mais “relax”, tomará decisões precipitadas e impensadas e sempre irá adiar mais um pouquinho as consequentes preocupações, enquanto o outro será mais atento, meticuloso, sofrerá mais por antecedência do que por reais consequências. Mas, muito antes de compreensão, o amor está no respeito, na sensibilidade de saber ouvir mesmo que ainda assim não decida concordar, na não necessidade de mudar para agradar ou adequar-se ao outro; mas na liberdade de reinventar-se naturalmente, na tranquilidade de ser exatamente aquilo que se é.

O amor está em todos risos, ora tímidos, ora escandalosos; nos silêncios e também nos barulhos; nas pernas bambas e na força da união de dois corpos; no respirar tranquilo e também no não conseguir respirar; na coragem de incluir alguém nos seus planos, mesmo sabendo que amanhã já não seremos mais os mesmos; mas está, acima de tudo, exatamente no turbilhão de detalhes não denotáveis que surgem em nossas mentes quando alguém nos faz aquela difícil pergunta: “o que é o amor?”. PATRICIA PINHEIRO.
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